quinta-feira, 9 de janeiro de 2014


Ela quer a euforia do momento,

Cantar sem se preocupar muito com a afinação,

Sentar no balanço, deixar os pés cortarem o ar.

Naquele instante ela é livre,

Por isso, deixa-se ficar sem se importar com o adiantado das horas.

Fala sozinha, ri, solta um grito quebrando o silêncio.

Para ela nada mais importa.

O que ela quer?  Sentir o vento.

domingo, 27 de outubro de 2013

Ausência


 
 
Saudade, oceano profundo,

Preencho-te com as águas das lembranças

De um passado cheio,

De recordações, de sorrisos, de abraços, de colo, de zelos.

Novelos desfeitos pelo tempo

Emaranhados agora, pelo vento.

Do carinho que não fiz, das horas que não vivi.

Das mãos que pediam pelo toque

Ou dos pés que solitários tanto caminharam.

Deixe que eu sinta os encantos

De juntá-los e, num instante, fazê-los derradeiros.  

 

quinta-feira, 14 de março de 2013

Reflexões sobre a tristeza


        
        Pensei em escrever, assim sem preocupar-me muito com a escolha do gênero, o estilo, apenas a prosa para me acompanhar. Escrever livre e esperar que os sentimentos saltem de suas gaiolas e voem livres no papel. Pássaros pequenos e frágeis, às vezes, os guardamos a sete chaves e nem nos damos conta de que estão loucos para saírem por aí, tocar outros corações, adentrar outras almas...

         Há ocasiões em que me sinto triste, como agora, e pergunto-me por que, se tenho tanto. A família que sonhei, os amigos prestativos e preocupados, irmãos tão carinhosos que chego questionar-me se é justo esse sentimento. Há situações na vida da gente em que (socialmente) não é permitido estar triste, uma delas, por exemplo, é quando chega o filho tão sonhado. Parece que ser feliz, nesta ocasião, é praticamente obrigatório. E quase sempre a chegada do bebê não vem só acompanhada da tão sonhada felicidade, pois, não raro as mamães têm dias de tristeza também, por várias razões, dentre elas, as mudanças no corpo, as noites sem dormir. Ainda em adaptação é comum esse sentimento, que não deve se prolongar por muito tempo, é claro, senão vira depressão pós-parto, que tem cura e se detectada no início melhor ainda. Por isso hoje estou me perguntando se esse sentimento deveria realmente ter se instalado, é uma cobrança que me faço. Tem uma voz dentro de mim que grita “você tem que estar feliz". Mas, no momento, não é o que sinto

        Essa é a eterna contradição humana sentir-se triste quando deveria estar alegre. Sei que não estou sozinha em minhas reflexões e pensamentos. Sei que não apenas eu sinto-me assim. Essa sensação de culpa por estar triste quando na verdade não deveria.  Mas também sei que é passageiro. Sei que o tempo, esse eterno organizador das coisas - é só ele coloca as coisas em seus devidos lugares - fará com que tudo volte ao normal. E aí aquela nuvenzinha cinza sairá dando espaço a muitos sóis. E essa sensação de estar sozinha quando, na verdade, estou cercada de atenções e zelos não mais existirá aqui em minha alma.

 

sábado, 22 de dezembro de 2012

Doce espera


       
        Na vida estamos sempre esperando por alguma coisa. A vida é feita de esperas. Esperamos, por momentos de descanso, o final de semana, o feriado, as férias. Esperamos o aumento de salário, a festa ou o evento que quebrará a rotina. Esperamos reconhecimento no trabalho, mais momentos felizes, sermos surpreendidos mais vezes, mais carinho, mais brilho no olhar. Esperamos, esperamos, esperamos. Penso que toda essa espera é pra preencher os nossos vazios, que são muitos. E esperar quase sempre nos traz incontáveis ansiedades.

         Mas há uma espera, não menos ansiosa, é claro, mas que é tão doce, tão pura e simplesmente gostosa, que é a que por hora passo. A espera pela chegada de mais uma filha, companheira, amiga. É, estou na minha terceira gestação, tão aguardada quanto as outras, é claro. Essa espera de cada dia, hora, minuto, segundo, preenche minha vida, minha alma e minha casa, já não tenho mais onde pisar. São tantos os brinquedos espalhados pelo chão. Fico imaginando quando ela chegar para terminar de compor o trio.

         Isso dá sentido à minha vida. Adoro esperar enquanto você cresce, amadurece, fica pronta. Preparar a sua chegada, como chuva e sol preparam terra e semente pra mais uma colheita. É tempo de espera porque é você quem determina o momento certo para chegar até meus braços. Enquanto isso, vou emocionando-me com cada pé, cabeça, mão que desliza sobre meu ventre. Em cada canto da casa está a sua presença. Num, está o berço, noutro o armário cheio de coisinhas, noutro os brinquedos que já ganhou.

         Enquanto espero vou me fazendo nesse mar de alegrias, esperas e anseios, pudesse e me deitaria sobre esse oceano de contentamentos e me faria filha das águas. Quem sabe assim a felicidade permaneceria por mais tempo.

 

sexta-feira, 7 de setembro de 2012



Busco respostas para milhões de coisas.

Para entender por que, mesmo sem receber o retorno que eu espero em meu trabalho, ainda me emociono em determinadas situações com os meus alunos. 

Para entender por que, mesmo sabendo que vou passar várias noites sem dormir e que é difícil educar os filhos, ainda considero que ser mãe é a melhor coisa do mundo.

Para entender por que, mesmo sabendo que o mundo não vai mudar do dia para a noite, ainda acho que o amanhã será diferente.

Busco respostas para entender por que sempre espero o melhor da vida, mesmo quando tudo parece desabar.

Para entender por que, embora sempre procure ser uma pessoa melhor, continuo com o mesmo ciúme, a mesma explosão na hora da raiva, a mesma teimosia, a mesma vontade – às vezes – de jogar tudo para o alto.

Para entender por que, mesmo tão cansada, com a vida cheia de tribulações, ainda vejo esperança, ainda sinto que vale a pena viver.

É, quero viver intensamente cada instante, cada minuto da vida.

 

domingo, 5 de agosto de 2012

Plenos poderes...



         Concedo a você plenos poderes para fazer de mim o que quiser amar, abraçar, beijar, andar de mãos dadas. Fazer juízo, sem muito juízo. Endossar, tomar posse do meu coração, lavrar escritura. Concedo o direito de escrever na areia, no papel, na árvore palavras e frases bonitas. Comemorar aniversário, passear no shopping, andar de bicicleta no parque. Permito dizer que me amas baixinho ao pé do ouvido ou mesmo bem alto para os outros ouvirem, não me importarei com opiniões de terceiros. Pode abraçar-me sempre que achar necessário, dormir juntinho, acordar-me com um café da manhã. Ah... Eu deixo você levar-me para jantar, almoçar, lanchar, sei lá o que mais. Tudo para o bom andamento desta relação. E, é claro, comprar presente mesmo sem nada para comemorar.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Ponto de tecer



Tecer não é tão fácil, às vezes erro alguns pontos, mas não desisto.
Prossigo tecendo assim mesmo, sei que no final me cubro de vida.
Há momentos em que a linha se enche de nós e tenho que desfazê-los.
Desmancho, quando o ponto fica feio.
Nunca tive que desfazer tudo, mas não tenho medo de recomeçar.
Gosto de tecer dia a dia essa vida, esse chão.
Quando terminar de tecer, não contarei o número de erros,
nem o número de vezes que tive de recomeçar
Olharei o resultado final e pronto.
Tecer vida, tecer sentimentos, tecer inúmeros momentos.
Eis o que quero fazer...